tem alguém cansada/o aí?
a procura pela "sua melhor versão" tem impactos nocivos na mente e no corpo
Responda com sinceridade: você consegue ficar dez minutos parado sem fazer nada? Ou ir a um evento social sem levar o seu celular? Numa escala de 1 a 10, quanto a sua vida real é igual ao que você posta no Instagram? Você está fazendo o que ama neste momento? Você acha que tudo é possível? Sentir-se mal com todas essas perguntas é normal, você não é a única pessoa. Estamos na mesma sociedade do cansaço.
Como chegamos até aqui?
Byung-Chul Han traduziu bem esse novo modo de estar em seu livro Sociedade do Cansaço, lançado em 2010. A publicação foi inspirada por sua teoria e dá seguimento aos estudos de grandes fenômenos que atingem a nossa sociedade hoje.
O filósofo acredita que o avanço da globalização teve grande importância nesse processo. Antes dessa evolução, vivíamos em uma sociedade disciplinar (baseada na repetição e obediência). Com o passar do tempo, entramos em uma sociedade do desempenho, e aí podemos destacar 4 elementos:
⩪ bug do milênio: a globalização, o avanço da tecnologia, as novas políticas de comércio internacional e a revolução digital. Mudança paradigmática no modo de viver, de se relacionar e de produzir
⩪ novo trabalhar: o trabalho se baseia em um processo de maior criação, liberdade, felicidade e autonomia. Acesso ao saber, sem fronteiras de tempo e espaço para aprender e trabalhar, livre para saber e fazer o que gosta
⩪ positividade, iniciativa e motivação: as palavras-chave são “projeto”, “motivação”, “iniciativa” e “eficiência”. O sujeito da positividade pode sempre mais e conta consigo mesmo, quer sempre mais para si e quer estar sempre ativo.
⩪ desempenho: desempenhar é o que leva adiante – não a obediência. Um desempenho individual, com investimentos em si mesmo. Fazer sempre e mais. Cada sujeito é senhor de si e condiciona sua própria vida para o seu desempenho. O sujeito do desempenho mais rápido e eficiente cobra de si mesmo essa eficiência. Trabalho baseado no processo de autonomia.
Resultado? Cansaço contínuo e solitário. Fadiga, exaustão e culpa que adoece
↣ 322 milhões deprimidos em 2015. Em 2005 eram 263 milhões
↣ o Brasil tem o maior número de pessoas ansiosas no mundo! 9,3% =18,6 milhões de brasileiros
↣ “Uma pessoa ainda morre a cada 40 segundos por suicídio” - Tedros A. Ghebreyesus, diretor-geral da OMS em 2019
A angústia de ser o responsável por todas as escolhas dentre tantas possibilidades fez com que as pessoas precisassem o tempo todo de alguém que ajude ou ensine a viver sua própria vida, o que abre brechas para profissionais duvidosos assumirem a narrativa e arrastar pessoas para discursos tentadores, porém falhos e fraudulentos, além de abrir as porteiras de outras doenças que dominam o século XXI, como burnout, depressão, ansidade e por aí vai.
Fonte: Sociedade do Cansaço. Disponível em gente.globo.com. Acesso em fevereiro de 2024.
Não consigo fechar esse post com respostas mas, diante de tanto B.O., só posso reforçar a importância do processo terapêutico nas nossas vidas para caminhar no autoconhecimento e de buscar fazer parte de uma rede de apoio segura. É o que eu tenho buscado, pelo menos.
Ah, tem essa fala massa da Larissa Luz sobre o tema que vale assistir:
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